O Corpo Causal: O Único Registro Verdadeiro da Evolução

Em sânscrito o corpo causal é conhecido como o Kãrana Sharira, Kãrana significando “causa”. Resumidamente, o corpo causal tem duas funções principais:

(1) Funcionar como um veículo para o Eu Superior: o Corpo Causal é o “corpo de Manas”, o aspecto forma da Individualidade, o verdadeiro homem, o Pensador.

(2) Agir como um receptáculo ou armazém para a essência das experiências do homem em suas várias encarnações. O corpo causal é aquele no qual são incorporadas todas as coisas que podem durar, e no qual estão guardadas as essências das qualidades que serão levadas para a próxima encarnação. Assim sendo, podemos ver que as manifestações inferiores do homem, isto é, sua expressão nos seus corpos mental, astral e físico, depende fundamentalmente do crescimento e desenvolvimento do próprio homem real, aquele “para quem a hora nunca soa”.

No começo, o corpo causal, ou o aspecto forma do verdadeiro homem, é descrito como um película delicada de matéria muito sutil, quase invisível, denotando o início da vida separada do indivíduo. Essa película delicada, quase incolor, é o corpo que perdurará ao longo de toda a evolução humana. E nesse, como em um cordão – o cordão do ser, ou “Sutrãtmã”, como às vezes é chamado – serão amarradas todas as futuras encarnações.

O corpo causal, como foi dito, é o receptáculo de tudo aquilo que é duradouro – isto é, somente aquilo que é nobre e harmonioso e de acordo com a lei do espírito; pois cada pensamento grande e nobre, cada emoção pura e elevada é retida, e sua essência transformada em substância do corpo causal. Portanto, a condição do corpo causal é um verdadeiro registro – o único registro verdadeiro – do crescimento do homem, ou do estágio de evolução que ele atingiu. (…)

No Pensador, residindo no corpo causal, estão todos os poderes que classificamos como Mente, isto é, memória, intuição e vontade. O Pensador reúne todas as experiências das vidas terrenas, pelas quais ele passa para serem transmutadas dentro dele mesmo, por meio de sua própria divina alquimia, naquela essência da experiência e conhecimento que é a Sabedoria. Mesmo em uma breve vida terrena distinguimos entre o conhecimento que adquirimos e a sabedoria que gradualmente – com frequência muito raramente – destilamos desse conhecimento. A sabedoria é o fruto da experiência de vida, a posse mais valiosa dos idosos. Em um sentido muito mais pleno e rico, a Sabedoria é o fruto de muitas encarnações, o produto de muita experiência e conhecimento. No Pensador, assim, está o depósito das experiências, colhidas em todas as suas vidas passadas, através de muitos renascimentos.

Nas pessoas comuns o corpo causal não está ainda plenamente ativo e, consequentemente, apenas a matéria que pertence ao terceiro sub-plano está vivificada. À medida que o Eu Superior, durante o longo curso de sua evolução, desenvolve suas capacidades latentes, a matéria dos sub-planos superiores é gradualmente posta em atividade; mas é apenas no homem que alcançou a perfeição, a quem chamamos Adeptos, ou Mestres, que ela está desenvolvida em toda sua extensão.

É difícil descrever plenamente um corpo causal, porque os sentidos pertencentes ao mundo causal são completamente diferentes e mais elevados do que aqueles que empregamos no nível físico. A memória da aparência de um corpo causal, tal como é possível a um clarividente trazer para seu cérebro físico, representa-o como um ovoide, esta sendo, de fato, a forma de todos os corpos sutis. O ovoide do corpo causal se estende a uma distância de cerca de 46 cm além da superfície do corpo físico.

Um ser humano que recém se individualizou do reino animal tem um corpo causal de tamanho mínimo. No caso do homem primitivo, o corpo causal se parece com uma bolha e dá a impressão de estar vazio. É apenas uma película incolor, aparentemente apenas suficiente para se manter e produzir uma entidade reencarnante, mas nada mais do que isso. Embora ele esteja preenchido com matéria do plano mental superior, esta ainda não foi posta em atividade e, assim, permanece incolor e transparente. À medida que o homem se desenvolve, esta matéria é gradualmente ativada e despertada por vibrações que a alcançam desde os corpos inferiores. Isto ocorre apenas vagarosamente, porque as atividades do homem nos primeiros estágios de sua evolução não são de um caráter que possa obter expressão numa matéria tão refinada quanto a do corpo causal. Mas quando o homem alcança o estágio onde ele é capaz, seja de pensamento abstrato, ou de emoção inegoísta, a matéria do corpo causal é despertada em resposta.

As vibrações desse modo despertadas mostram-se no corpo causal como cores, de modo que, ao invés de ser uma mera bolha transparente, ele gradualmente se torna uma esfera preenchida com matéria dos mais delicados e encantadores matizes, um objeto belo além de toda concepção.

No caso do homem espiritualmente desenvolvido, uma enorme mudança é notada. A gloriosa película iridescente está agora completamente preenchida com as cores mais adoráveis, exemplificando as formas mais elevadas de amor, devoção e simpatia, acrescidas de um intelecto refinado e espiritualizado, e de aspirações sempre elevando-se em direção ao divino. Algumas dessas cores não existem de modo algum no espectro do plano físico.

A matéria inconcebivelmente refinada e delicada de um tal corpo causal encontra-se intensamente desperta e pulsando com um fogo vivo, formando um radiante globo de cores cintilantes, suas elevadas vibrações emitindo ondulações de matizes variados sobre sua superfície – matizes dos quais a vida terrena nada conhece – brilhantes, suaves e luminosos além do poder de descrição da linguagem. Um tal corpo causal está preenchido com um fogo vivo, oriundo de um plano ainda mais elevado, com o qual ele parece estar conectado por um tremulante cordão de intensa luz.

Além disso, desde a parte superior do corpo causal ascende uma coroa de centelhas brilhantes, indicando a atividade da aspiração espiritual, naturalmente acrescentando muitíssimo à beleza e dignidade da aparência humana. (…)

Esse fluxo direcionado para o alto, da aspiração espiritual, que forma uma tão gloriosa coroa no homem desenvolvido, é ele mesmo o canal através do qual desce o poder divino: de modo que quanto mais plena e forte se torna sua aspiração, maior é a medida da graça que desce do alto.” (Geoffrey Hodson. Basic Theosophy, pp. 21-25; grifo nosso)